Ilusão?

"O que nós vemos das coisas são as coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?

O ESSENCIAL É SABER VER,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.

Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são as freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e flores."

(Fernando Pessoa)

Uma vida sem saudade?

"Nunca se preocupe demais e nem tente voltar atrás.
Siga as instruções de uma vida sem saudade. 

Assim é melhor. 

Se o chão se abrir e você sentir que já não tem mais forças, confie e acredite sempre um pouco mais.
Se existe o caos e a dor, também existe a fé e a esperança em algo maior, algo melhor"


♫


Uma vida sem saudade - Hateen

O menino.

Um menino tinha o coração muito bom, algumas pessoas diziam que ele tinha uma ternura ao falar, que algo nele era especial. 

Esse "algo" variava. Para uns, era o sorriso largo, fácil, puro. 

Para outros era o olhar, às vezes de mistério, às de ternura, ou vez por outra simplesmente de um menino travesso e que pensa coisas que todo menino travesso pensa! 

Curioso, argumentador, intenso!

Para outros o que chamava a atenção nele era o carisma, realmente ele tinha uma capacidade incrível de ser amado pelas pessoas ao seu redor.

Da senhora lá do interior, era o "netinho adotivo", da professora de infância, "o aluno preferido", da amiga da família, "o menino mais lindo". 

Alguma coisa nele conquistava a confiança das pessoas, alguma coisa nele passava segurança e ao mesmo tempo uma imensa vontade de colocá-lo no colo. 

Sim, ele parecia carente. E era! 

Tudo o que ele mais gostava ele de ser colocado no colo... Eita! Eu acho que na verdade esse menino era quase um bebê.

Porém, o menino que conquistava a confiança, que trazia no coração o dom de amar e ser amado, não confiava em si mesmo. 

Ele não tinha noção do quanto ele era capaz! Por quê? Talvez porque as circustâncias de sua vida o impediram de enxergar isso, ou talvez porque ele tivesse medo de enxergar. 

E isso fez com que o menino ficasse triste, e essa tristeza cresceu... 

Cresceu tanto que ele começou a não gostar de si mesmo, e a buscar refúgio nos abrigos mais distantes, ele acreditava que lá tudo se resolveria, mas quando ele voltava de lá, percebia que aquilo só fazia aumentar mais ainda a sua tristeza, e isso o machucava, machucando a si mesmo, machucava as pessoas que o amavam, e a tristeza se multiplicava... Por quê? 

Por que o menino não parou com aquilo tudo? 

Ele tentou, ele tentava, mas não conseguia... 

O medo era mais forte do que ele, ele não acreditava que ia conseguir, ele continuou indo ao abrigo distante. 

O tempo passou, e por muitas estações ele ficou indo lá, em busca dos seus sonhos perdidos no meio da estrada! Até que chegou o inverno, e ficou frio.

Mas esse menino tinha um Pai, um Pai que o amava muito mais do que ele sonhava que poderia ser amado, um Pai que acreditava nele, e que colocou ele no colo, como ele sempre quis... 

Hoje esse menino entende que o Pai sempre esteve ali, esperando por ele, hoje esse menino não é mais triste, ele encontrou o MELHOR ABRIGO do mundo, onde NÃO HÁ e nem existe TRISTEZA! 

Hoje ele confia em si mesmo, hoje ele encontrou o abrigo certo, em meio a tantos errados!

Hoje ele não tem mais medo, o inverno frio saiu de cena para entrar um belo dia de sol acolhedor. 

Hoje esse menino é feliz de verdade! 

O Pai do menino se chama DEUS!

No final de tudo, o que realmente faz toda a diferença, é acreditar em si mesmo, e saber que DEUS também acredita em você!

"Oh, pedaço de mim. Oh, metade afastada de mim. Leva o teu olhar. Que a saudade é o pior tormento..." ♫

08 de outubro de 2010: 6 meses.