Ontem, 26 de setembro, completou um mês que eu cheguei
ao Canadá, e inúmeras sensações tomaram conta de mim nos últimos 30 dias:
saudade, medo, solidão, e ao mesmo tempo felicidade, satisfação e encantamento!
(E bote encantamento nisso!).
Depois de tanto tempo sem postar nada aqui, estou voltando a escrever
hoje para falar de como está sendo essa experiência inédita para mim! Mas vamos
começar do começo:
A viagem:
A viagem:
A viagem até aqui foi um verdadeiro teste de resistência física e
paciência, 2 horas de estrada de João Pessoa para Recife, 3 horas e meia de voo
até São Paulo, (até ai tudo bem), chegando em São Paulo, depois de quase cinco
horas de espera, enfrentei mais 10 HORAS de voo até Toronto! Pensei que não
fosse chegar nunca mais!!! Aja paciência e assunto para conversar, ou a procura
de uma posição confortável para dormir, porque definitivamente no quesito
conforto , ao contrário do que muitas pessoas tinham me dito, quase não vi
diferença do vôo internacional para o doméstico (pelo menos na classe
econômica, hahaha).
Depois de 10 horas, chegando em Toronto, ainda esperei mais 2 horas (que
passaram voando por sinal, que aeroporto gigante, é aquele? Fez o de Guarulhos
parecer uma “vila”. Assusta de tão grande!) para então, finalmente, embarcar no
vôo 63 para Vancouver! Quando pensei que estava “perto” de acabar, me dei conta
de que estava dentro do território do segundo maior país do mundo, simplesmente
foram mais 5 horas de vôo de Toronto até Vancouver, metade do tempo que eu
levei para sair do Brasil e chagar no Canadá! JESUUUUUS! Quando desembarquei em
Vancouver tava parecendo um zumbi! Mas, sem dúvida, o zumbi mais feliz desse
mundo! Hehehe!
Finalmente eu tinha chegado no meu destino!
Mas vamos falar do que realmente interessa: VANCOUVER!
À primeira vista Vancouver é uma cidade simplesmente deslumbrante de tão
linda. A terceira maior cidade do Canadá é cercada de montanhas a muita água
(banhada pelo oceano pacífico), possui um dos invernos menos rigorosos do país,
uma ótima infra-estrutura, transporte público eficiente, pouquíssimos problemas
urbanos e uma das mais baixas taxas de criminalidade do mundo! Não é por acaso
que foi eleita 5 vezes seguidas (a última delas ano passo) pelo Global
Liveability Ranking como a melhor cidade do MUNDO para se viver!
Pois é, Vancouver é tudo isso mesmo e um pouco mais. Tentarei resumir
por aqui um pouco do que tem sido esse primeiro mês nessa cidade INCRÍVEL.
Por que será que todas as pessoas que vem para cá se APAIXONAM por
Vancouver? Vamos as respostas!
De fato eu pude perceber durante essas 4 semanas que Vancouver realmente
possui uma sociedade segura, justa e pacífica, a cidade é extremamente
organizada, desenvolvida e de maioria cristã protestante (fato que muito me agradou),
sendo que apenas a metade da população da cidade é cristã.
Em relação a infra-estrutura é impossível não se admirar. Vancouver foi
muito bem projetada, isso é algo inegável, e quando você começa a entender como
a cidade funciona e qual é o seu ritmo, tudo se torna muito mais fácil e você
cada vez mais admirada.
Tudo aqui funciona em harmonia, tudo tem horário e
estes são respeitados religiosamente. Os ônibus têm hora certa para passar, e
impressiona a precisão com ele obedecem a isso. A cidade é limpa e cheia de
acessibilidade para deficientes físicos (todas as calçadas, por exemplo,
possuem rampa de acesso para cadeirantes, assim como o transporte público), as pessoas
são honestas (claro que tudo tem suas exceções), mas é muito difícil você ver
alguém tentando tirar vantagem sobre as coisas!
E o que mais impressiona também, é que por mais que Vancouver seja uma
cidade multicultural, as regras aqui funcionam, e funcionam quase que
perfeitamente.
Não sei dizer exatamente o que porquê que isso acontece, não é fiscalização, não é por imposição, não é apenas por educação (já que aqui vive gente
de todo tipo, de todos os lugares do mundo, oriundas das mais diversas
culturas), enfim, o fato é que as coisas simplesmente acontecem como foram
programadas pra acontecer.
Então
posso afirmar que é realmente delicioso viver aqui, não só por tudo que já
mencionei até então, nem pela altíssima qualidade de vida que você desfruta, ou
pela intensa beleza dos cenários (aqui as pessoas desfrutam do que é
considerado um dos mais belos ambientes naturais do mundo), mas também pela
hospitalidade do povo canadense. Esse último ponto, sem dúvida, foi uma das
coisas que mais me surpreenderam.
O canadense, apesar de ser um tanto reservado e sério, é extremamente atencioso, simpático e muito, muito educado! Se você resolver parar para pedir informação na rua se prepare, pois facilmente poderá iniciar uma conversa de 20 minutos onde você escutará dicas de lugares para conhecer, onde comer, o que fazer e até mesmo ouvir perguntas sobre a razão da sua viagem, se você está gostando, até quando fica no país e um simpático "Boa sorte" ou "Seja bem vindo" no final!
As pessoas aqui são assim, adoram uma conversa na esquina, e o melhor de tudo é que o inglês canadense é um inglês correto, eu li em vários sites de intercâmbio que o inglês aqui é bem mais fácil de entender e de aprender, sem os típicos sotaques encontrados facilmente na maioria dos outros países de língua inglesa. Ótimo não é?
Quanto ao estilo de vida, posso dizer que você se sente em um verdadeiro mix de cultura americana misturada com colonização européia e ainda a presença
da vaidade das pessoas do Brasil quanto ao corpo! Eles gostam de fast food, mas
por outro lado, também adoram comer bem e procuram levar uma vida extremamente
saudável! (Apesar de que muita gente fuma!) O que mais encontramos é gente
correndo e caminhando pelas ruas e praças ou andando de bicicleta nos milhares
de parques que a cidade tem. Espaço para atividade ao ar livre é o que não
falta nessa cidade! E é cada um mais lindo que o outro. (E eu simplesmente AMEI isso, pois adoro essas coisas).
Porém, o mais bonito mesmo é ver que todas as pessoas se aceitam e se respeitam independentemente
de suas origens. Todos são diferentes, porém ninguém é mais ou menos canadense
que o outro por causa disso! Isso ocorre porque Vancouver (assim como todo o
resto do país), como eu já disse, é uma cidade extremamente multicultural, seus
habitantes são etnicamente diversos, se engana quem pensa que vai chegar aqui e encontrar apenas loiros de olhos azuis, na verdade descendentes de alemães, chineses,
japoneses, ingleses, escoceses, irlandeses entre inúmeros outros ajudam a caracterizar
a "cara" típica do canadense (ainda assim o que mais vemos nas ruas são
canadenses descendentes de orientais mesmo, principalmente aqui em Vancouver,
que dizem ser a cidade que possui o maior número de descendentes de chineses
fora da China).
É muito comum também você encontrar muçulmanos morando aqui (indianos
e paquistaneses), a todo o momento vemos pessoas andando com o hijab (o véu
islâmico) ou com um turbante na cabeça. É realmente uma terra de imigrantes. E é exatamente em decorrência dessa mistura
global concentrada, por causa dessa verdadeira “salada”, que o canadense,
assim como o brasileiro, possui “vários rostos”, e o Canadá é conhecido como o “O lugar onde todos pertencem”. (Pois os habitantes são encorajados a cultivar sua própria cultura e permitir que ela cresça).
Sendo
assim, andando por Vancouver encontra-se exatamente de TUDO nas ruas, pessoas
de todos os tipos e estilos e grande parte da população possui uma língua materna diferente do
inglês, motivo pelo qual você também facilmente escuta um idioma que não é o
inglês sendo falado em vários lugares. É uma delícia isso!
Além disso, também percebi que você pode andar vestido do jeito que
quiser na rua e ninguém está nem aí para isso, ninguém NEM OLHA para a sua
roupa, o normal aqui é ser diferente, e diferentemente do que acontece no
Brasil, ninguém te define, nem te respeita mais ou menos, ou te
"rotula" pela roupa que você está usando. (Umas das curiosidades da
cultura daqui que mais me agradaram! Aliás essa é uma característica de país
desenvolvido mesmo!)
Aqui também existe uma tolerância racial e religiosa muito grande,
enfim, as pessoas , acima de tudo, SE ACEITAM e principalmente SE RESPEITAM em
suas diferenças! Acho essa mentalidade uma
coisa fantástica! É realmente, na minha humilde opinião, o estágio de maior
evolução e grandeza da mente humana, o RESPEITO pelo próximo! Algo tão simples
e ao mesmo tempo um sentimento de valor tão grandioso! (Ahhh se o mundo inteiro
fosse assim hein? Um sonho, infelizmente quase uma utopia)
É por causa dessas e de outras coisas que, se eu voltasse para o Brasil
amanhã, eu resumiria minha viagem em uma ótima frase que escutei de uma amiga
que chegou aqui no mesmo dia que eu, mas que passou apenas três semanas. Dias
antes dela ir embora, ela disse:
“Uma lição de Vancouver: O que já era pequeno
para mim, ficou ainda menor, e o que já era grande, aumentou!”
Ela simplesmente disse tudo em duas linhas! Depois de viver, mesmo que
apenas 3 semanas (como foi o caso dela) em uma cidade como essa, você percebe
sua mente vislumbrando e reconhecendo ainda mais o REAL VALOR das coisas e da
VIDA de uma maneira mais clara e profunda, o que tem MUITO valor para você, passa a ter
ainda mais, se torna ainda mais precioso, e o que já era pequeno, inútil, banal, e sem importância, passa a ficar ainda menor!
Então posso dizer que eu já tinha ouvido falar a respeito disso tudo
antes de chegar aqui, mas durante esse primeiro mês pude confirmar quão rica é
a experiência de fazer um intercâmbio em Vancouver. Também já pude perceber que
o inglês, na verdade, será o menor dos aprendizados que terei aqui, sem dúvida
alguma!
Porém como tudo nessa vida tem seu lado negativo, aqui também encontrei
o seu: sem medo de exagerar, posso
afirmar que a cada 20 pessoas que você esbarra na rua, pelo menos UMA é
brasileira! É isso mesmo! Costumamos brincar dizendo que brasileiro em
Vancouver já virou uma “praga sem nenhum tipo de controle”! Hahaha.
Você vê em
todos os lugares, é impressionante. Na escola também praticamente quase a
metade dos estudantes são brasileiros (mas isso era algo que eu também já
sabia).
No começo é até gostoso você atravessar a rua, entrar em uma loja
qualquer ou até mesmo no metrô e encontrar um brasileiro, a sensação que você
sente é "ebaaa, não estou sozinha!". E você encontra gente
simplesmente de tudo que é lugar do Brasil, de Norte a Sul do país. As duas
maiores amigas que fiz aqui durante esse tempo são de Itajubá (Minas Gerais) e
Porto Alegre. Mas até agora já conheci gente de Brasília, Natal, Recife,
Teresina, São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e de várias cidades do
interior do Brasil afora, principalmente interior de São Paulo. Já encontrei até
mesmo uma paraibana e ex colega de curso da universidade (Ô mundo pequeno!
hehe).
E o mais engraçado é que muitas vezes os brasileiros se reconhecem
apenas com o olhar, não precisa nem ouvir que o outro fala português,
(brasileiro, independentemente de onde seja, tem jeito de brasileiro, né?).
Outro
dia mesmo eu estava com umas amigas (brasileiras, hehe) na fila de um outlet e
simplesmente olhamos para outras duas meninas, desconfiando que eram
brasileiras, bastou olhar um pouco mais para ouvir das duas a pergunta que nós
queríamos fazer para elas: "Brasileiras?!", pronto, tínhamos
acertado na mosca e lá se iniciava uma gargalhada seguida de mais uma empolgada
conversa em português!
E aí está a grande desvantagem de encontrar tanto
brasileiro, mesmo que você se policie na maior parte das vezes, é praticamente
impossível não falar português, e isso acaba tornando o intercâmbio menos
proveitoso no seu ponto e objetivo principal, que é aprender o idioma local!
Por causa disso, algumas vezes me indaguei se não teria sido melhor ter
escolhido uma cidade menor, menos visada e turística que Vancouver, e onde eu
encontraria mais canadense e menos brasileiro, mas basta sair de casa e olhar
ao redor para esse pensamento se desfazer em segundos! Estar em uma cidade como
Vancouver realmente não tem preço... Aliás, (até tem), pois falando em preço,
essa foi a outra desvantagem que encontrei por aqui, Vancouver é uma cidade BEM
cara, (mas esse é o preço que se paga por estar em uma das melhores cidades do
planeta). Comprar roupas baratas é um desafio, e comida então, nem se fala. Mas
procurando direitinho e indo aos lugares certos dá para economizar bastante!
Os
preços dos barzinhos, restaurantes, shows, teatros, cinemas também são bem
salgados . Os passeios e entradas dos lugares também são, na sua maioria pagos,
e além disso não deixar de gorjeta em torno de 10% (no mínimo, dependendo do
lugar) do valor da conta é considerado uma falta de educação tremenda! (Ai ai,
coitado do meu pobre bolso de estudante! hahaha).
Ainda assim, como eu disse outro dia para o meu namorado que ficou no
Brasil (eita saudade GRANDE !), realmente não existem palavras que são capazes
de traduzir a experiência de um intercâmbio (principalmente em uma cidade como
Vancouver).
Conhecer uma outra cultura, tão diferente da sua, e ao mesmo tempo
tão rica, um outro modo de vida, um outro modo de lidar com as mesmas situações
que você vive no seu país, conviver com pessoas de vários lugares do mundo,
conhecer lugares simplesmente LINDOS e que você nunca imaginou existir, ou
outros que você viu apenas nos filmes, (para quem não sabe, um dos apelidos de
Vancouver é Hollywood North, "Hollywood do Norte", devido ao fato da
cidade ser cenário de aproximadamente 10% dos filmes de Hollywood) ou por fotos
na internet, ter que se adaptar a um novo clima (porque realmente para quem
viveu metade da vida em Manaus, no Norte do país, e metade em João Pessoa, no
Nordeste, não é muito fácil se acostumar com um “calorzinho” de 12 graus de
manhã no VERÃO, hahaha. Imagina no INVERNO hein? O.O), se perder em uma cidade
totalmente desconhecida, e precisar pedir informação para poder chegar em casa
(isso para mim já virou ROTINA, hahahaha), andar pelas ruas sem destino e sem
hora para voltar para casa, e de repente se deparar com uma paisagem
deslumbrante na sua frente em pleno centro da cidade e pensar : “Caramba! Como
Deus é perfeito! Só ele mesmo para criar algo tão belo!”, superar os próprios
limites, e perceber o que realmente tem valor e importância na sua vida (o dia
a dia aqui e a distância do Brasil e de casa te mostra isso de forma bem
NÍTIDA), tudo isso é muito bacana e TE ACRESCENTA uma riqueza sem igual de uma
maneira que nenhuma foto, nem e-mail, nem conversa no skype , nem postagem de
blog consegue traduzir.
Finalmente, concluindo (demorei tanto para escrever aqui que tudo ficou
acumulado e saiu de uma vez só, hahaha): Apesar da saudade do Brasil
(principalmente das pessoas e da comida) ser muuuuuuito grande, esse primeiro
mês já valeu muito a pena e foi MARAVILHOSO (mesmo com a saudade doendo no
peito e apesar das dificuldades, sim dificuldades, elas também existem aqui, nem tudo são "flores"). Assim, eu espero que os próximos meses sejam tão
bons quanto o primeiro! E se Deus quiser e permitir, serão sim!
Vamos lá então sair desse quarto e da frente desse netbook que Vancouver
me espera lá fora!
Goodbye, people!!!