terça-feira, 20 de setembro de 2011

Das atitudes e do tempo

Diante deste tempo que atropela tudo, que sai rasgando cartas antigas e fotografias velhas, diante deste tempo que nos empurra para longe de memórias e ao mesmo tempo cria novas expectativas, sem pedir permissão. Diante dele ficamos impotentes, bobos, perdidos e esperançosos.


Somos reféns livres do tempo, presos em liberdade, confiantes desconfiados, pois ele é um amigo inseparável e fiel, cheio de planos e nenhuma certeza! Cheio de luzes que remetem a próxima escuridão, escuridão, sim, pois um fleche de luz que não mostra claramente o caminho que está diante nós, não é de grande valia. Nos ajuda ao primeiro passo, mas logo depois se torna distante fazendo com que o caminho se torne novamente desconhecido e perturbador!

Cabe a nós a coragem de desbravar, de buscar os outros fleches, eles estão lá, ninguém nos contou, nós nunca os vimos, mas eles estão lá, esperando para serem descobertos, esperando pela oportunidade de criar o novo, de renovar utensílios já ultrapassados que carregamos no peito. 

Assim ocorrem as novas descobertas, as surpresas, os detalhes, assim as cortinas se abrem, mais um espetáculo começa, com novos espectadores. É o teatro da vida real, com os protagonistas da cena atual, futuras lembranças que formam, hoje, o tempo presente. 

Se serão lembranças atropeladas novamente, só ele, o tempo, novamente, irá decidir. Ele manda em tudo, ele se acha o diretor, o roteirista e o autor ao mesmo tempo. Ele se intromete, dificilmente chega atrasado. E quando chega, na maioria das vezes, a culpa deste atraso não é dele, mas da nossa própria mania de lutar contra ele.

E assim ele vai crescendo, sua vida é uma contagem finita, contagem esta que nem mesmo ele sabe quando termina.  Durante esta contagem ele nos ensina muita coisa, nos ensina, por exemplo, que a contagem jamais poderá retroceder, voltar atrás, não, o tempo tem muitos poderes, mas não pode retroceder a si mesmo, ele não volta, jamais, passamos a vida toda aprendendo isso e ainda assim sempre desejamos realizar o impossível. Parece até teimosia, que mania irritante. 

Aprendemos também que a palavra dita pode causar muito mais ferimentos e dor do que a agressão meramente física, pois mais violenta que ela seja. Quantas vezes não sonhamos com um tapa na cara no lugar de ouvir todas aquelas palavras? É rotineiro. 

Aprendemos também que não podemos mudar as pessoas, não podemos mudar o mundo, não podemos mudar aquilo que nos revolta, mas podemos mudar a nós mesmos! 

Aprendemos que não existe sentimento mais doloroso e cortante do que a indiferença, muito mais que o ódio, muita mais que a inveja, muito mais que o ciúme e até mesmo a maldade, a indiferença é o pior dos sentimentos que podemos nutrir por alguém! 

Aprendemos também que as coisas que não custam nada, muitas vezes, são as mais caras. Que o amor é o mais nobre e importante personagem desta história e que as palavras proferidas em vão, não acompanhadas de ações, são simplesmente murmúrios silenciosos que não contribuem em absolutamente nada, são ecos que ninguém escuta!

Na verdade, nessa história, o tempo ensina que, atitudes dizem muito mais que todo o universo falando! Palavras são levadas pelo vento, esquecidas, atitudes permanecem e resistem a toda e qualquer tempestade, constroem muros indissolúveis, certezas jamais duvidosas e laços que jamais poderão ser desfeitos!


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

E de repente ela teve vontade de recuar, de olhar para trás, de achar-se, foi um instante, apenas um, quantos segundos cabem em um instante?

domingo, 11 de setembro de 2011

11 DE SETEMBRO: OS MORTOS NORTE-AMERICANOS E OS OUTROS MORTOS


O 11 de setembro está chegando e a imprensa brasileira já começou a demonstrar como pretende cobrir o aniversário de 10 anos da demolição do WTC. Todos os portais de notícias trazem matérias sobre o ataque aos EUA, sobre a reconstrução de New York, sobre o sofrimento dos parentes das vítimas norte-americanas e coisas assim. Os exemplos são tantos que vou apenas citar dois:





Até o presente momento, nenhum portal de notícias fez a contagem dos corpos. Então eu resolvi pesquisar na Internet e fazer isto.


Quantos norte-americanos morreram no 11 de setembro?



Quantas pessoas morreram em consequencia das guerras norte-americanas no Iraque e no Afeganistão em razão do 11 de setembro?

A resposta não é tão fácil. Depende da fonte.

O Iraq Body Count Project (IBC) documentou um número menor de mortos, algo em torno de 73.264 a 79.869 mortes de civis não combatentes desde o princípio da guerra até 20 de Setembro de 2007 http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Iraque

No Afeganistão foram 8.813 mortos  http://www.unknownnews.org/casualties.html


O total civis mortos no Iraque e no Afeganistão até hoje é de 873.344 (conforme a metodologia do IBC o total cai para 82.077 mortos) contra 2.996 mortos norte-americanos. O que dá uma média de 291.50 (27,39 pela metodologia do IBC) iraquianos e afegãos mortos para cada norte-americano assassinado em 11 de setembro.


Nos territórios ocupados pela Alemanha, a Wehrmacht  tinha como prática executar 10 civis para cada soldado alemão morto. Os números aí estão para mostrar que, qualquer que seja a metodologia de contagem de corpos, os norte-americanos realmente conseguiram ser os primeiros. Já superaram com folga os nazistas. O número de iraquianos e afegãos civis mortos por causa das guerras norte-americanas já é consistentemente superior ao de pessoas que morreram no 11 de setembro. Quando é que a Wehrmacht dos EUA vai se dar por satisfeita e se retirar dos territórios ocupados?