quarta-feira, 8 de junho de 2011

Palocci diz que sai do governo para preservar diálogo

Em pronunciamento na cerimônia de posse da nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, Antonio Palocci justificou ter deixado o cargo no governo para "preservar o diálogo".
"Minhas atividades foram sendo comprometidas pelo ambiente politico. Se vim para ajudar a promover o diálogo, saio agora para preservá-lo", disse Palocci.
O discurso na transmissão do cargo foi acompanhado por ministros e parlamentares, além da presidente Dilma Rousseff.
Após 23 dias de crise, Palocci entregou ontem à Dilma carta pedindo o seu afastamento. A crise que levou à saída do principal ministro do governo Dilma teve início no dia 15 de maio, após a Folha revelar que o ministro multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010.
O agora ex-ministro, que pela segunda vez deixa o governo após um escândalo --em 2006 deixou o Ministério da Fazendo após suspeitas de ter quebrado o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa--, negou abatimento pela saída. "Não quero fazer desse ato um momento triste, a vida é uma luta permanente e não costumo me abater pelas pedras no caminho."
Palocci afirmou que o aumento de seu patrimônio foi conquistado a partir de ações legais. "A manifestação da Procuradoria confirmou o que vinha dizendo que trabalhei dentro da mais legalidade respeitando padrões éticos. Ocorre que o mundo jurídico não trabalha no mesmo ritmo do mundo político. Ficar no governo não permitiria desempenhar normalmente minhas funções."
O ex-ministro foi bastante aplaudido no início do discurso. Fez elogios à presidente e desejou boa sorte para sua sucessora.
A Projeto, empresa aberta por Palocci em 2006 --quando afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil-- comprou, em 2009 e 2010, imóveis em região nobre de São Paulo no valor total de R$ 7,5 milhões. A Folha também mostrou que o faturamento da empresa foi de R$ 20 milhões em 2010, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma à Presidência da República.
Em entrevista exclusiva à Folha, Palocci afirmou que não revelou sua lista de clientes a Dilma, atribuiu as acusações a ele a uma "luta política" e disse que ninguém provou qualquer irregularidade na sua atuação com a consultoria Projeto.
Em nenhum momento o agora ex-ministro revelou a lista de clientes de sua consultoria e alegou "cláusula de confidencialidade" para não divulgar para quem ele trabalhou enquanto exerceu simultaneamente as funções de deputado e consultor.


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