Em pronunciamento na cerimônia de posse da nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, Antonio Palocci justificou ter deixado o cargo no governo para "preservar o diálogo".
"Minhas atividades foram sendo comprometidas pelo ambiente politico. Se vim para ajudar a promover o diálogo, saio agora para preservá-lo", disse Palocci.
O discurso na transmissão do cargo foi acompanhado por ministros e parlamentares, além da presidente Dilma Rousseff.
Após 23 dias de crise, Palocci entregou ontem à Dilma carta pedindo o seu afastamento. A crise que levou à saída do principal ministro do governo Dilma teve início no dia 15 de maio, após a Folha revelar que o ministro multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010.
O agora ex-ministro, que pela segunda vez deixa o governo após um escândalo --em 2006 deixou o Ministério da Fazendo após suspeitas de ter quebrado o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa--, negou abatimento pela saída. "Não quero fazer desse ato um momento triste, a vida é uma luta permanente e não costumo me abater pelas pedras no caminho."
Palocci afirmou que o aumento de seu patrimônio foi conquistado a partir de ações legais. "A manifestação da Procuradoria confirmou o que vinha dizendo que trabalhei dentro da mais legalidade respeitando padrões éticos. Ocorre que o mundo jurídico não trabalha no mesmo ritmo do mundo político. Ficar no governo não permitiria desempenhar normalmente minhas funções."
O ex-ministro foi bastante aplaudido no início do discurso. Fez elogios à presidente e desejou boa sorte para sua sucessora.
A Projeto, empresa aberta por Palocci em 2006 --quando afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil-- comprou, em 2009 e 2010, imóveis em região nobre de São Paulo no valor total de R$ 7,5 milhões. A Folha também mostrou que o faturamento da empresa foi de R$ 20 milhões em 2010, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma à Presidência da República.
Em entrevista exclusiva à Folha, Palocci afirmou que não revelou sua lista de clientes a Dilma, atribuiu as acusações a ele a uma "luta política" e disse que ninguém provou qualquer irregularidade na sua atuação com a consultoria Projeto.
Em nenhum momento o agora ex-ministro revelou a lista de clientes de sua consultoria e alegou "cláusula de confidencialidade" para não divulgar para quem ele trabalhou enquanto exerceu simultaneamente as funções de deputado e consultor.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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