terça-feira, 5 de abril de 2011

Nostalgia


Tem pessoas que pensam que, literalmente, o tempo não passa, que acham que tudo gira eternamente em torno das suas próprias ideias e memórias. Mas o engano é grande! O tempo passa sim, e bastante rápido, tão rápido que nós muitas vezes não percebemos. Basta um breve piscar de olhos do ser humano e já se foi um segundo de vida que nunca mais poderá ser recuperado, nem vivido novamente! E assim se vão mais segundos, e mais segundos, depois os minutos, horas, dias, meses e anos, e a vida! Breve assim? Sim!
Junto com o tempo, também passam outras coisas, ficam para trás algumas, mal resolvidas outras, inacabadas mais umas, ou simplesmente algumas desaparecem e deixam de existir nessa viagem louca que chamamos VIDA! 
De repente, quando olhamos para o lado, percebemos que, algumas roupas, não usamos mais, a nossa comida preferida, perdeu o sabor - agora você aprecia novas receitas -, aquele super amigo, virou um colega, aquele problema enorme, era uma coisa tola, percebemos que deixamos de preferir o rosa, para se encantar pelo azul, você descobre que consegue se desfazer de coisas (e pessoas) que considerava essenciais. Por quê? Porque tudo passa, apenas o que continua é você e a sua vontade de escrever uma história bonita, que valha a pena contar, o que fica é você e o que você quer fazer ser essencial na sua vida, o que fica é você e o bem que você faz, o amor que você leva, o sorriso que você mostra, e o abraço que você dá na hora certa

O segredo é saber escolher o que vale a pena lembrar, e transformar em nostalgia. 

"Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.

Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.

Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta pagina, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialétos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não e assim que é a vida?"


Paulo Leminski

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