segunda-feira, 25 de julho de 2011

Não entendo!

Observando aqui e ali, eu percebo uma coisa: por tudo quanto é lado, as pessoas comentam: "O mundo perdeu um grande talento, uma das maiores cantoras de sua geração, uma jovem que viveu intensamente"

Ok. Tudo bem, talento mesmo não lhe faltava... mas, tem algo que me incomoda bastante nessa história. Na verdade, me deixa confusa. 
A bendita expressão "viveu intensamente". 
Por quê? 
Não entendo, não consigo! 

O que é, afinal, "viver intensamente"
V-I-V-E-R intensamente! 
Essa expressão tão comum e até mesmo, clichê!
As respostas podem ser bem variadas, é verdade! "Viver intensamente" pode significar coisas diferentes para cada pessoa. 
E aqui eu vou dizer o que eu acho sobre a vida que levou Amy Winehouse. 
É apenas a minha singela opinião. 


Não! Ela NÃO viveu intensamente! Na verdade, para mim, acho que ela nem chegou a viver, INFELIZMENTE, (não deu tempo). 
Não acredito que "viver intensamente" seja viver injetando substâncias estimulantes em si mesmo, substâncias essas que cessam o seu domínio próprio e provocam emagrecimento profundo, insônia, sangramento do nariz e corisa persistente, lesão da mucosa nasal e tecidos nasais, palidez, suor, frio, desmaios, convulsões e até mesmo parada respiratória. (Estes são apenas alguns dos inúmeros efeitos maléficos da cocaína no organismo). 

Não acredito que "viver intensamente" seja viver sob efeito de drogas que causam turvação mental, náuseas, vômitos, euforia, doenças infecciosas como hepatite B e C, além da AIDS, colapso venoso, infecções bacterianas e das válvulas do coração, artrites e outros problemas reumatológicos. (Alguns dos efeitos da heroína no organismo). 

E também não acredito que "viver intensamente" seja viver como escravo de uma pedra do tamanho de uma moeda, que causa: hipertensão, problemas cardíacos, derrame, acidente vascular cerebral, enfisema, tuberculose, aumento da pressão arterial, degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, psicoses, paranoia, alucinações e delírios, além de lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios, (alguns dos efeitos do crack no organismo). 


Essas são algumas das drogas que a cantora usava. E uma consequência comum entre TODAS elas, é que elas MATAM! Matam lentamente, ou às vezes até rápido!

Então, diante desses fatores todos, não consigo imaginar Amy "vivendo intensamente", não consigo imaginar, ao menos, ela "vivendo". Afinal, se ela era mesmo viciada em todas estas drogas, nas drogas mais destruidoras que existem, a cocaína, a heroína, e o maldito crack, (entre outras), além é claro, do álcool. Como podemos dizer que ela foi uma pessoa que "viveu intensamente"? 


É isso que as pessoas chamam de "Vida"? E mais, de "Vida Intensa"? 
É esse tipo de vida que o mundo inteiro e todas as pessoas que estão lamentando a morte de Amy chamam de "intensa"? 
ISSO é "viver intensamente"?
Não! Eu não penso assim...

Amy Winehouse era mesmo, de fato, um grande talento, uma grande cantora, compositora, dona de uma grande voz, e é extremamente lamentável que tenha morrido tão jovem, com apenas 2 álbuns lançados. Sua carreira foi curta, apesar de promissora, seu segundo álgum, (back to black), como vem sendo noticiado, vendeu 10 milhões de cópias no mundo todo em 2006, além de ter recebido 6 indicações ao Gramy, das quais levou 5! Isso é mesmo um fato que denuncia quanto talento ela tinha! 


Mas me pertuba muito alguns conceitos, como "genialidade". Muitos estão, hoje, se referindo a Amy como uma "genialidade perdida". 
Também não penso assim. Vou explicar o porquê.

Não considero uma "genialidade", nem alguém que "viveu intensamente", uma pessoa que levava a vida que Amy levava, (mesmo apesar de todo o talento), alguém que vivia sob todos esses efeitos colaterais já mencionados, que vivia lutando para se livrar do vício de inúmeras drogas, que gastou boa parte dos milhões de dólares que ganhou com traficantes e que utilizava a música como válvula de escape, praticamente desabafa pedidos de socorro quando compunha suas canções, alguém assim, não pode ser considerado um "gênio", ou "gênia". 


NÃO! Não estou querendo adotar aqui nenhum discurso "polêmico", nem mesmo, moralista, mas sim, estou querendo atentar para os fatos e para os fins. Afinal, o adjetivo "genial", partindo do princípio de que atentamos para o seu significado, caracteriza algo que merece ser copiado, algo que merece admiração e ser tomado como exemplo! Não é? Afinal, é "genial". 


E, definitivamente, a vida de Amy não é não deve ser exemplo para NINGUÉM! Aliás, deve ser sim, exemplo do que NÃO DEVEMOS fazer se queremos, AÍ SIM, "viver intensamente"
A verdade é que me preocupa a maneira como muitas pessoas se referem à cantora, pois eu tenho medo, medo pelos jovens, medo pelas vidas. 


Uma criança/adolescente de 13, 14, 15 anos, que está começando a formar  sua personalidade, que está começando a moldar a maneira como vai encarar a vida quando for adulta, que está começando a adquirir responsabilidade para fazer as suas próprias escolhas, que, ao olhar para a imagem da cantora Amy Winehouse pensa em "genialidade" e "viver intensamente", (pois é isso que ela escuta todo mundo dizer), vai pensar o que da vida afinal? 
Que "a vida é isso aí"
Que vivendo assim, como Amy, ela será "genial" e "viverá intensamente"?
Definitivamente, não! Não é assim... Não DEVE ser assim!

Amy não viveu, SOBREVIVEU, sua vida, por trás dos holofotes e da gorda canta bancária, foi uma vida de SOFRIMENTO! De DOR, DE DESESPERO! 
ESSA É A VERDADE! Por trás de todo aquele visual exótico, do jeito peculiar, das atitudes, muitas vezes, agressivas, da personalidade forte, tinha uma pessoa extremamente frágil, triste e desesperada para viver DE VERDADE, para "VIVER INTENSAMENTE" realmente, tinha uma pessoa buscando uma saída, uma porta que NUNCA encontrava. E não encontrava porque as drogas que ela usava, fechavam todas, fechavam e não abriam mais. E assim, ela SOBREVIVIA... até o dia 23 de julho de 2011. Infelizmente... 

A minha sugestão é que as pessoas, os jornais, a imprensa e quem mais está falando sobre o assunto, mudem a frase:

"O mundo perdeu um grande talento, uma das maiores cantoras de sua geração, uma jovem que viveu intensamente!" 


Para: "O mundo perdeu um grande talento, uma das maiores cantoras de sua geração, uma jovem que MORREU LENTAMENTE!"

Aí sim, eu vou entender!

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